Wander e Eu, Eu e Wander
Criminologia

Wander e Eu, Eu e Wander



Cheguei em casa, abri uma garrafa de vinho e chamei a Mari para contar o que tinha acontecido comigo depois de uma aula.
Relatei e rimos muito.
Ela argumentou que eu deveria postar a história. Eu disse que tinha tentado, mas não estava confortável na escrita - "sei lá, algo pessoal demais para escrever".
E ela me surpreendeu, mais uma vez, com seu texto.

Wander e o Antimanual, por Mari Weigert
O professor acabara oficialmente a aula naquele instante. Extra-oficialmente, inúmeros alunos cercavam sua mesa, com os semblantes intrigados. Algumas poucas perguntas versavam sobre o conteúdo da aula, outras principalmente um pretexto, uma forma de se acercar daquele que há uma semana (apenas) era o ?novo professor?.
O professor se sentia feliz, havia trocado de casa e estava excitado com a possibilidade do ?reinventar-se? que a novidade propunha. Lecionar naquela Universidade significava um abrir-se de (antigas) portas e o pé direito bem alto permitia quase perder de vista os limites que, sabia ele, jamais deveriam ser impostos quando se tratava de lecionar.
Tentava responder às indagações, satisfeito com as perguntas, mas sobretudo com a resposta que a turma lhe oferecia no exato instante em que pensava realizar perguntas. Esforçava-se para manter o raciocínio reto, concentrado, embora naquele momento professor e alunos soubessem que a troca de informações sobre a matéria nada mais era do que o fio de Ariadne que conduzia a um aproximar-se recíproco.
Quando o professor já quase ultrapassava a porta, um aluno disse despretensiosamente: ?Professor, estou terminando de ler o Antimanual? ? o último livro pelo professor publicado (não sem alguma pretensão, é verdade) levava este título ? ?será que poderias me dar um autógrafo? Estou gostando muito da leitura.? O professor viu o livro que o aluno trazia nas mãos e naquele momento entendeu que só uma capa branca, ausente de qualquer cor, podia demonstrar o que de outra forma jamais o professor saberia: o quanto a obra fora lida, manuseada. Quantas madrugadas e cafés haviam sido virados por cima daquelas linhas quando uma noite de sono poderia ser fatal para o raciocínio do leitor? O professor sorriu, empunhou a caneta e o aluno o interrompeu: ?ah, professor, desculpe, mas na capa eu pedi um autógrafo pro Wander Wildner. Estava com o teu livro e era o único lugar que tinha para ele assinar". O professor olhou novamente o livro e na capa não mais branca, acima do título dizia: "abraço do Wander Wildner". E agora cúmplice, mais do que feliz, bem mais que orgulhoso, respondeu: "Pedro, é uma honra assinar junto com este cara. Valeu pela leitura!"
Enfim o professor cruzou a porta, certo uma vez mais de que o que o fascinava há tanto tempo na docência estava para muito além da sala de aula ou daquilo que currículos pudessem fazer constar.



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