Criminologia
Se não nós, quem?
Sábado, eu e a Gi assistimos ao excelente "Se não nós, quem?", de Andrés Weiel, no Estação Ipanema.
Bem, dizer o que? Trata-se de um retrato colorido de um mundo que se autodefinia em "preto e branco", a partir da confrontação comunismo x capitalismo.
Para além da falácia da bipolaridade, que cobrava alinhamentos automáticos [algo do tipo ou você é a favor ou é contra as UPPs] havia uma geração de jovens alemães incomodada com a adesão sincera de seus pais, nas décadas anteriores, ao nazismo, seus valores e a adoração a Hitler e tudo o que ele representou (holocausto, genocídio etc.).
Era também uma geração fruto do machismo, que se defrontava com os desafios da liberdade feminina, os prazeres sexuais desfrutados fora dos marcos da dominação sexista que havia imperado, geração que também não consumia o discurso "democrático" que legitimava a invasão norte-americana no Vietnã e a agressão aos direitos de negros e outros grupos sociais "minorizados".
A angústia de viver deslocado em um mundo que cobrava rígidas acomodações artificiais e a disposição de confrontar o poder, oferecendo a própria vida, marcaram a época para boa parte dos jovens europeus, mas também para os latino-americanos que se opuseram às ditaduras do continente e aderiram à luta armada.
O sentimento nosso sobre o passado não dispensa o contexto. E o entendimento do contexto, por meio da investigação isenta e sincera do que aconteceu no Brasil dos anos 60/70 do século XX pode, enfim, preencher as lacunas da nossa própria identidade e "colorir as fotos" de uma realidade que estava para além do discurso maniqueísta do "Brasil: ame-o ou deixe-o", que com novas roupagens disputa, revigorado, os espaços sociais, dando mostras da persistência de valores autoritários.
Basta olhar atentamente para o episódio da repressão aos estudantes USP e para a "nota de repúdio" do Chefe do Ministério Público estadual, no Rio de Janeiro, insatisfeito porque uma prisão temporária não fora prorrogada pelo juiz que havia feito atuar a lei, corretamente, ao caso concreto, para se perceber as mesmas engrenagens de manipulação da opinião pública, via meios de comunicação social (na verdade, empresas capitalistas de comunicação social), visando conformar a realidade de acordo com modelos dicotômicos tipo "o "bem contra o mal".
O filme, em minha opinião, é imperdível, dando cor e sublinhando nuances onde a história oficial insiste em "definir" sem se incomodar com a realidade, algo do tipo: "danem-se os fatos!"
De quebra, uma versão do surgimento do grupo terrorista Baader-Meinhof.
É isso! Bom domingo!!!
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