Sobre a patética participação da OAB/RS no 15 de Outubro
Criminologia

Sobre a patética participação da OAB/RS no 15 de Outubro



Durante a semana havia conversado com alguns amigos que estudam e participam dos movimentos jovens contemporâneos sobre a tentativa de algumas instituições incorporar o projeto do 15 de Outubro nas suas pautas políticas. Inegavelmente vimos tentativas oportunistas de institucionalizar, na agenda da "velha política", um fenômeno novo marcado por manifestações autênticas e espontâneas. Como todo pensamento ortodoxo que não consegue entender o que está ocorrendo no mundo atual e, em razão desta insuficiência cognitiva, interpreta o novo com os olhos do velho, estas instituições projetaram nas manifestações por democracia real as suas velhas expectativas e as suas mofadas representações.
Dentre os inúmeros equívocos legados do obtuso pensamento autoritário - que permanece como o norte de atuação das instituições contemporâneas - está a concepção de que a sociedade civil, os movimentos sociais e, sobretudo, a expressão individual devem ser tutelados, pois fracos em termos de organização e carentes de projetos "viáveis".
Ocorre que esta ilusão paternalista de ver a sociedade civil e os movimentos sociais acaba inexoravelmente se chocando com o real, como aconteceu ontem na patética participação da OAB/RS na ocupação da Praça da Matriz. Neste aspecto a participação não menos paternalista de alguns partidos políticos e sindicatos foi menos caricata.
A forma de inserção do órgão de representação dos advogados gaúchos na ocupação do centro da cidade foi de um equívoco superlativo. Em inúmeros momentos senti aquilo que pode ser denominado como "profunda vergonha alheia" - e o problema é que não era tão alheia assim, pois sou advogado e conheço grande parte daqueles personagens cômicos que estavam presentes na manifestação.
A caricatura se destaca não apenas pela tentativa de "guiar" as manifestações de um coletivo absolutamente plural, anárquico e alheio às formas tradicionais de representação política - destaco um dos cartazes com os dizeres: "ninguém me representa" -, mas pela postura absolutamente "fora de lugar" dos representantes da OAB/RS ao inserir na agenda do movimento temas vazios e perspectivas moralizadoras como a impunidade e a corrupção - vazios porque não rompem com a mediocridade do senso comum; moralizadores porque sustentam um ideal punitivista absolutamente alheio ao sentido libertário do movimento. Confiram no site da "Ordem" a leitura institucional do movimento, com destaque para os cartazes contra o auxílio reclusão e pela inserção da corrupção no rol de crimes hediondos.
Em uma manifestação autêntica e espontânea, chamou atenção a participação plastificada da OAB/RS -  literalmente plastificada, pois as faixas de material sintético encomendadas em gráficas destoavam dos cartazes pintados e dos panos grafitados artesanalmente, e afirmavam, ética e esteticamente, a insustentabilidade ambiental. Seria mais honesto se os representantes da instituição estivessem engravatados, reivindicando a inclusão da assinatura de TV a cabo nos benefícios da Caixa de Assistência.





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